sábado, 26 de setembro de 2009

Agoniza mas não morre?

Ontem foi o dia internacional do rádio. Ñ consigo imaginar veículo de comunicação mais fantástico que esse. Minha relação com o dial é antiga e eterna. Ñ consigo entender como alguém pode viver sem, ou então eu sou um dependente químico eterno desse aparelho eletrônico. Tá certo que rádio virou sinônimo de jabá, mas sempre dá pra achar algo de bom.

Imaginar a fisionomia de quem está comunicando... Mandar um alô, um recado, e ter seu pedido atendido. Ganhar prêmios, ouvir seu nome no ar como um dos felizardos... Conhecer uma rádio de verdade e ter a oportunidade de participar ao vivo com seu locutor e dj favorito... Ter a oportunidade de anos depois trabalhar numa rádio e ter seu próprio programa... Viajar horas dentro de ônibus para chegar em um lugar de difícil acesso só por amor ao que você faz e pelo compromisso com seus ouvintes que param para te ouvir durante duas horas...


Fui criado aprendendo a gostar do que som que saía das caixinhas desse aparelho, e hoje quando estou ouvindo algo no rádio vejo minha filha de 11 meses prestando atenção e percebendo sons familiares que diariamente ela ouve. Minha mãe ouvia diariamente a rádio globo am. Grandes locutores ainda habitam minhas memórias e identificaria as vozes de cada um deles se os ouvisse hoje novamente. Haroldo de Andrade, Luis de França...
Às 18hs era a hora da ave-maria. Pausa para reflexão e oração, talvez a única atitude religiosa que me lembro de minha mãe.

Meu pai também ouvia muito rádio e foi assim até seu falecimento em um leito de hospital a qual ficou internado por uma semana tendo ao seu lado eu e um pequeno radinho de pilha. Seus últimos anos de vida foram meio deprê, mas graças a Deus ele voltou para os caminhos do Senhor e através do rádio ele fortaleceu sua fé por intermédio das pregações do Pr. Juanribe Pagliarin.

Essa curta postagem é para agradecer por anos e anos de deleite, aprendizado e interatividade (muito antes de essa palavra virar moda). Grandes homens e mulheres que fizeram e ainda tornam minha vida mais edificante. Big Boy, Maurício Valladares, Memê, Zé Roberto Mahr, Tom Leão...

Eu consigo me lembrar ainda de um programa nos anos 80 que era apresentado pelo Paulinho Cintura (quem?) todo sábado à noite com músicas para dançar. O Paulinho era um personagem da saudosa escolinha do Professor Raimundo, e acho que é quase impossível encontrar alguém que tenha ouvido isto.

Programas antológicos como Radiolla, Rio fanzine, Novas Tendências, Festa da Cidade, RoncaRonca, Geração de adoradores, Radar, Madureira Connection, Rock Alive, EP Vanguarda, entre outros tantos, me faziam esquecer que existiam programações normais e outras rádios dominadas por políticos e jabá.

Após minha conversão, fiquei triste ao saber (santa ingenuidade!) que as rádios evangélicas também cobram para tocar a música de um determinado artista.

Hoje em dia continuo (como nos últimos anos) ñ conseguindo ouvir uma programação normal inteira de uma rádio específica (talvez a Band News, por causa do Ricardo Boechat). Mas sempre dá pra ouvir um debate interessante e uns programas independentes.

Rádio on line é algo que ainda ñ consegui ouvir. Sinto falta de uma voz do outro lado, informando, questionando, divertindo. Sinto falta de gente. Ñ sinto tanta falta de música. Sinto falta de algo real, autêntico e edificante. E cada vez mais é difícil encontrar isso por aí. Mas, girando daqui e dali dá pra garimpar boas pepitas. Ainda consigo isso hoje em dia. Experimente.

"Se O Rádio Não Toca!
A música que você quer ouvir
Não procure dançar
Ao som daquela
Antiga valsa
Não! Não! Não! Não!
Não! Não! Não! Não!
Não! Não! Não! Não!...
É muito simples!
É muito simples!
É só mudar a estação
É só girar o botão!"
Se O Rádio Não Toca, Raul Seixas

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